Prometi contar aqui algumas histórias que aconteceram comigo ao longo de 10 anos na Antena 3 e hoje decidi recordar algumas relacionadas com as entrevistas que fiz.
E pode parecer exagero mas ao longo dos últimos anos "acumulei" umas centenas de entrevistas. Sim, centenas. Mais de 300 foram de certeza, a durar entre os clássicos 10 minutos até 1 hora sentado, ao telefone ou em pessoa, com algumas das estrelas mais brilhantes da música (e uns reles também).
Vou começar pelo duplo episódio de Vilar de Mouros 2003. O cartaz desse ano era algo estranho e juntava Rufus Wainwright e Blasted Mechanism, Tricky e David Fonseca, HIM e Melvins. Nesse festival estava a produzir a emissão da 3 e também a fazer de pivot/repotér,
E provavelmente foi aqui que aconteceu a PIOR entrevista que alguém fez fiz. Os intervenientes? Guano Apes. A história é simples: eu vou ao backstage para entrevistar a banda germânica e calha-me na rifa os elementos masculinos (não me perguntem os nomes). Como tinha alguma facilidade em falar alemão, apresentei-me aos rapazes na sua língua, expliquei que seria melhor fazer a entrevista em inglês e que seria em directo dentro de minutos, só estou à espera da indicação do pivot. Enquanto espero, eles começam a conversar um com o outro e com grandes gargalhadas, fiquei mais atento ao que diziam e quando não é o meu espanto que oiço piadas e graçolas à minha pessoa. Não liguei... até que oiço uma piada sobre a minha avó e lhe digo que a minha avó não era para aqui chamada pois infelizmente já tinha morrido. Neste momento entro em directo e, sem grande vontade, pergunto como é regressar a Portugal com um público tanto gosta deles. Eles respondem que só gostam das miúdas, bla bla bla.... uma resposta sem conteúdo e cheia de graças. Avanço para a 2ª pergunta sem grande vontade de continuar com o clássico, "como vai ser o espectáculo?". E a resposta é: "vamos ter sexo ao vivo com animais, elefantes, anões e fogo e tal...". Eu acabo a entrevista e quem está em estúdio (creio o Nuno Calado) continua a emissão. Eles viram-se para mim e perguntam: "Então, vais ser despedido? (a rir)".... Enfim... Sem palavras.
Este festival foi rico em situações...estava a ver um dos concertos do palco secundário (salvo erro os Sloppy Joe) e ligaram-me para ir entrevistar o Rufus. Eu fui a correr, enfiei o pé num buraco e.... pimba... rotura de ligamentos cruzado no pé esquerdo. Viagem de ambulância para o Hospital de Viana do Castelo com direito a gesso e tudo. No dia seguinte regresso ao festival de muletas para seguir a emissão. Nesse dia Planet Hemp tocavam e a seguir Public Enemy. Ao longo das últimas semanas estive a trocar emails com o próprio Chuck D e nesse dia pedi-lhe se podiamos fazer a entrevista no estúdio da 3 no local pois estava de muletas. Ele foi ao local, esteve à conversa comigo durante largos minutos (e com o Pedro Costa em Lisboa) e ainda o apresentei aos meninos de Planet Hemp (nota: B Negão subiu ao palco com os Public Enemy nessa noite!). É uma das entrevistas que me ficou marcada na memória pelo lado relaxado, descontraído e simples com que o Chuck D se apresentou. Um senhor da música a falar com um puto mais preparado sobre hip hop e sobre o Mundo.
Em relação à melhor entrevista... sinceramente não consigo escolher... Posso dizer que adorei receber um abraço do Dave Grohl (Foo Fighters), sentar-me no chão com o Marcelo Camelo, conhecer os pais do Alex Kapranos (Franz Ferdinand), de falar de futebol com o Neil Hannon (Divine Comedy), de jogar à bola com os Muse ou de conhecer o Sam The Kid em Paredes de Coura. Demasiadas conversar para destacar aqui apenas uma.
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