01/07/2013

2001-2013

The End Is The Beginning Is The End

Em setembro de 2001 entrei para a Antena 3 e era um sonho tornado realidade.

Cresci a ouvir rádio, ouvia de tudo e tive a sorte de com a ajuda de um rádio antigo até conseguia apanhar a BBC em onda média, e desde cedo a paixão se instalou. O tal bicho da rádio. Não tenho a certeza quando comecei a fazer as primeiras gravações a imitar a rádio mas lembro-me porque aconteceram. Estava apaixonado e era a minha maneira de comunicar. Pegava nos discos que lá tinha em casa, desde Beatles até Pink Floyd, e gravava numa K7 com a ajuda de um microfone manhoso que os meus pais me ofereceram as emissões de rádio. Tinha a companhia do meu bom amigo Rafael e acima de tudo aquilo era uma brincadeira. Escolhia música para os momentos e até gravava telefonemas em direto. Tudo pela paixão. Ela sabia-o.

Durante anos fui alimentando a paixão pela rádio. Piratarias e tal. No secundário começam as brincadeiras para o pátio. Na faculdade continuam. E em 2001 tenho a oportunidade de prestar provas na 3. A ideia inicial é desenvolver notícias para a página online. Assim foi.

Nos primeiros anos lembro-me de acções que fizemos como o chat via mIRC com os Incubus. Sim, não me enganei. Quando os rapazes de Calabasas se estream ao vivo em Portugal passaram pelos estúdios da 3, na altura nas Amoreiras, e fizeram uma sessão de Perguntas & Respostas via IRC pelo canal #Antena3. Na altura era algo tão louco que tive que pedir para avisarem no FM que sim, eram mesmo eles que estavam ali, em formato virtual. E aí foi a loucura. Nunca vi tantas caixas de privados (PVT) a abrirem ao mesmo tempo. Uma loucura.  Ou o trabalho diário que se fazia com os ouvintes no chat na página da 3. Ainda hoje em dia tenho pessoas que me dizem que conheceram o marido/mulher naquele chat. Fantástico!

Como já o escrevi aqui antes o trabalho nos festivais ao longo dos anos foi algo que deixou marcas e estive em praticamente todos. Vilar de Mouros, Sudoeste, Super Bock, Hype@Meco, Summer Fest, Isle of MTV, e outros que não me recordo.

Não posso deixar de referir as oportunidades únicas de trabalhar nos MTV Europe Music Awards que aconteceu em Lisboa ou no Live 8, ambos em 2005. A primeira tão surreal que ainda hoje não sei se é verdadeira. A segunda demasiado caótica e louca.

Tive também a oportunidade de sair para trabalhar, por exemplo em Paris. Em 2006 eu e a Catarina Limão viajamos para França para transmitir em direto o Festival Caixa com as atuações de Clã, Da Weasel e Xutos & Pontapés.

Isto tudo intercalado por momentos em estúdio e fora dele, onde nos auditórios das Amoreiras e no estúdio 25 de Chelas, se juntavam artistas como Sam Sparro, One Republic, entre tantos outros.








25/06/2013

Estórias da Rádio #4: Vilar de Mouros

Aquele que foi o primeiro festival de música moderna em Portugal é para mim um poço de contradições. E vou explicar porquê.

Vilar de Mouros é a minha primeira lembrança de festivais quando em 1996 regressou e trouxe artistas como The Stone Roses, Young Gods ou Tindersticks. Eu, com 16 anos, rumei até à vila minhota na companhia da minha prima Carla para viver um momento único. Lembro-me como se fosse hoje da viagem de comboio, do peso da minha mochila enquanto se procurava um local para montar a tenda, da noite fantástica ao som dos Madredeus, da trip monstra dos Stone Roses, da chuva que se lembrou de cair e claro do estúdio da Antena 3 montado em cima das casas de banho onde faziam emissão o Álvaro Costa e o Henrique Amaro. Foram 3 dias fantásticos que me marcaram para sempre.



Em 2003 regresso ao festival e já integrado na equipa da 3 a tratar da produção e emissão. Esse ano a equipa era enorme e o plano incluía as manhãs da rádio que na altura tinham o José Carlos Malato, Ana Lamy e a Ana Galvão. E a malta da noite (António Freitas e o Nuno Calado) faziam a dobradinha com a presença na Sic Radical.  O cartaz desse ano era estranho. Vá, muito estranho. Pois juntava Guano Apes e Public Enemy, HIM e Tricky, Rufus Wainwright e Tomahawk. Bizarro.



Ainda por cima o festival começou "torto" com o momento Guano Apes que já contei anteriormente aqui. Mas cedo recompôs-se com a presença de Planet Hemp, uma das minhas bandas brasileiras favoritas de sempre, que na figura do B Negão, mostrou como se pode misturar atitude com simpatia. Numa longa conversa que tivemos falamos sobre o hip hop e eles disseram que iam ficar pelo festival até ao último dia para puderem ver Public Enemy ao vivo, e eu que já tinha agendado uma conversa com Chuck D, propus logo apresenta-los ao homem. Negócio fechado! 2º dia estava a começar em força e tinha ido ver os concertos de Grace e Toranja no palco Quinta dos Portugueses quando recebo uma chamada para ir entrevistar o Rufus Wainwright.

E este torna-se o momento. A caminho do estúdio (era uma tenda) da 3 enfio o pé num buraco bastante fundo e pumba! Dores e mais dores. Não me conseguia levantar, nem pôr o pé no chão, vem os bombeiros buscar-me e sou levado para o Hospital de Viana do Castelo. Ligamento quebrado, pé engessado.

3º dia é clássico. Pé no ar e momentos únicos. Tricky já o tinha visto no Coliseu e nada podia superar aquele concerto mas mesmo assim foi cool. Tomahawk não é o projeto que mais gosto de Mike Patton mas ele é um animal de palco. Mas nada me preparava para os Public Enemy. Muita história ligada à música negra e claro ao hip hop. E um líder carismático como Chuck D que depois de semanas a trocarmos emails se disponibilizou para ir até ao estúdio da 3, pois estava de pé partido, para uma conversa. E mais do que uma entrevista tivemos a conversar. Aprendi muito sobre o movimento com ele e fiquei com a certeza que iria guardar aqueles momentos para sempre. E assim foi.









15/02/2013

Web 2000 em português

Desde os princípios dos tempos que a passagem de 99 para 2000 fez com que escritores, cineastas, cantores e outros se sentissem inspirados para escrever e fantasiar. Era uma visão distante e romântica do que seria o Mundo no ano dos três zeros.

Eu fui um dos iluminados que pensei e sonhei. Nessa altura e tendo como exemplos o IMDB e o All Music Guide, pensei que seria importante criar um site dedicado à música portuguesa.

A ideia era criar uma base de dados pública para todas as obras editadas em Portugal. Sem fronteiras e com o máximo de funcionalidades. Aproveitar as ligações que a Web 1.0 já demonstrava e que o futuro viria a trazer.

Quem entrasse na página à procura de Jafumega, teria logo todas as associações que os músicos tiveram no futuro, assim como sugestões, escuta, imagens, capas, tracklists e tudo o que muita vez vem associado a uma gravação. Imagine-se saber quem gravou o quê, onde, quando.

Seria uma compilação exaustiva para reunir o que se estava a fazer, já se tinha feito e o que o futuro traria.

Comecei a desenvolver a base de dados com um bom amigo (Manuel) que me foi colocando cada vez mais "problemas" e soluções, dúvidas e inquietações. Eram muitas variáveis e na altura poucas certezas. Comecei também a falar com editoras para saber se nos abririam as portas dos catálogos. Comecei a falar com músicos para mostrar o projeto. Comecei a recrutar quem estaria disposto a inserir dados.

Enquanto tentava alinhar tudo, surgiu em 2003 a iTunes Store. E pensei que seria a abertura completa e final. E devido a muitos factores, que um dia posso discutir, decidi deixar cair este projeto.

Hoje, 10 anos depois, e depois de uma nova leitura do livro A Cauda Longe, do Chris Anderson, vejo que algo do género não existe e que continua a ser importante. Mas louvo a entrega de páginas como A Trompa e outros que olham para a música nacional e lhe dedicam um tempo e espaço.

Quem sabe um dia...

12/02/2013

Shake It

Nos últimos tempos os fenómenos virais de uma música tem tido movimentos diferentes. Se existem cada vez mais, parece que o impacto é cada vez menor. Mas de tempos a tempos aparece algo que muda tudo. Assim é o Harlem Shake. Para quem não conhece este é um tema original do DJ e produtor Baauer (há quem diga que tem costela lusa) editou há uns meses e que se tornou num êxito na net. Mas o que surgiu daí é que ninguém podia prever. Juntou-se um nevão incrível nos EUA, 30 segundos do Shake e a coisa ganhou vida própria. Tipo monstro. No momento em que escrevo este post existem mais de 15.000 referências no YouTube ao Harlem Shake. Aqui fica uma compilação de alguns dos melhores momentos. Como nota de rodapé, Portugal anda atento e existe alguns exemplos do Shake na tuga. Aqui ficam do CC e da Monster Jinx.

29/02/2012

Estórias #3 - Momentos

No último post que pus sobre a rádio contei sobre as entrevistas que fiz. Hoje lembrei-me de recordar momentos... Estes momentos incluem entrevistas, quase entrevistas e encontros casuais que o trabalho na rádio me proporcionou.


Madonna

Em 2005 foi um ano em grande. Lisboa recebia os MTV Europe Music Awards e estive na linha da frente a fazer de pivot, juntamente com o Álvaro Costa, dentro do Pavilhão Atlântico. Este evento tem tantas histórias que vou escrever um post só com elas mas aqui fica a nota que tive um quase encontro com Madonna. Andava a vaguear pelos corredores durante uma actuação e vi a porta do seu camarim... mas com medo de ser expulso, voltei para trás... Uns anos mais tarde descobri que o segurança que estava à porta do camarim era um amigo meu... LOL

Damon Albarn (Blur)

2005 novamente. E no dia a seguir aos prémios MTV. Perco o avião... duas vezes... e chego a Manchester para assistir ao concerto dos Gorillaz. Na manhã seguinte há entrevista marcada com o rapaz Damon e o grupo de jornalistas nacionais no lobby do hotel espera pelo momento. A certa altura ele aparece e saí porta fora... e logo atrás dele o tour manager... O rapaz estava com problemas de voz e só queria fazer entrevistas para os meios mais importantes (TV). E assim foi... Ficou por cumprir um sonho, entrevistar o homem responsável por algumas das minhas canções favoritas. Valeu pelo encontro com o Shaun Ryder.


DJ Shadow

É um daqueles momentos que esperava há algum tempo. O rapaz que me fez abrir horizontes com o Endtroducing, estava disponível para entrevistas. Infelizmente foi por telefone e perdeu metade do encanto. Ainda espero conseguir apertar-lhe a mão um dia e agradecer.


Robert Del Naja aka 3D (Massive Attack)

Aqui há uns anos os moços ainda estavam a trabalhar no Heligoland (o nome do álbum foi divulgado em primeira mão através de uma entrevista que fiz com ele e onde escrevi Hell Ego Land... devia ter perguntado a grafia do nome... ehehehe) e vieram a Lisboa para uma série de concertos. Numa noite particularmente azarada (ou estúpida vá), fui multado 3x  mas tive o prazer enorme de jantar com o rapaz líder dos Massive Attack. Era o último a fazer entrevista e já tinham atrasado imenso com problemas no soundcheck e afins. Por isso o pessoal da editora propus que fizéssemos a entrevista durante o jantar. E assim foi. Quase uma hora em frente ao mestre do trip hop a falar de música, política, futebol e outras trivialidades. Depois do concerto fiz um directo com o meu bom amigo Carlos Cardoso e com excertos da entrevista e depois foi publicada na extinta fanzine Mondo Bizarre.

Johny Greenwood e Ed O'Brien (Radiohead)

Em 2001 o jornal Blitz juntava no Coliseu dos Recreios a indústria da música para atribuir os prémios anuais. A Antena 3 transmitia a cerimónia e eu fiquei encarregue da reportagem de bastidores. Confesso que dessa noite pouco me lembro a não ser de a certa altura ver chegar pela porta dos artistas de dois rapazes que reconheci logo sendo membros dos Radiohead. Johny Greenwood e Ed O'Brien estavam em Portugal para receber uns prémios (Grupo e Álbum do Ano). Eu apenas troquei breves palavras de cortesia com os rapazes mas ficou marcado na minha memória. Este ano os rapazes regressam para concerto no Alive, quem sabe não consigo conversar com eles.

28/02/2012

Algodão Doce - 18/02/2012


  • Polaroid - Blac Koyote
  • Caravan Delight - Flying Lotus
  • Dream Sauna - Pounded
  • Skanq - U U U U
  • Divided by Zero (Ikonika remix) - Bambounou
  • Hymn of the Big Wheel (Egyptrixx remix) - Massive Attack
  • Broken Home - Burial
  • Crew Love (Shlohmo remix) - Drake feat. The Weeknd
  • Strawberry Swing - Frank Ocean
  • Condutor feat Tamin (remix) - Orelha Negra
  • Do Avesso feat Nina Becker - DJ iZem
  • Dois Version - Cool Hipnoise
  • Always Shine feat. Lupe Fiasco and Bilal - Robert Glasper Experiment
  • Shelter - The xx
  • Shelter (Photek remix) - Birdy
  • Pumped Up Kicks (Hood Internet remix) - Foster The People
  • The Edge (original mix) - Koan Sound
  • Rock the Place - DJ Oder
  • Marina City - ===
  • Ganster Whip - Dominique Young Unique
  • NEEDSUMLUV - Machinedrum x Azealia Banks
  • Maria Capaz - Capicua
  • Venus to Neptunes - A.M.O.R. and COCO Solid
  • Run To The Sun - NERD
  • Hello Baby - dB
Ouve aqui a emissão completa.

14/02/2012

Estória(s) da Rádio #2

Prometi contar aqui algumas histórias que aconteceram comigo ao longo de 10 anos na Antena 3 e hoje decidi recordar algumas relacionadas com as entrevistas que fiz.



E pode parecer exagero mas ao longo dos últimos anos "acumulei" umas centenas de entrevistas. Sim, centenas. Mais de 300 foram de certeza, a durar entre os clássicos 10 minutos até 1 hora sentado, ao telefone ou em pessoa, com algumas das estrelas mais brilhantes da música (e uns reles também).

Vou começar pelo duplo episódio de Vilar de Mouros 2003. O cartaz desse ano era algo estranho e juntava Rufus Wainwright e Blasted Mechanism, Tricky e David Fonseca, HIM e Melvins. Nesse festival estava a produzir a emissão da 3 e também a fazer de pivot/repotér,

E provavelmente foi aqui que aconteceu a PIOR entrevista que alguém fez fiz. Os intervenientes? Guano Apes. A história é simples: eu vou ao backstage para entrevistar a banda germânica e calha-me na rifa os elementos masculinos (não me perguntem os nomes). Como tinha alguma facilidade em falar alemão, apresentei-me aos rapazes na sua língua, expliquei que seria melhor fazer a entrevista em inglês e que seria em directo dentro de minutos, só estou à espera da indicação do pivot. Enquanto espero, eles começam a conversar um com o outro e com grandes gargalhadas, fiquei mais atento ao que diziam e quando não é o meu espanto que oiço piadas e graçolas à minha pessoa. Não liguei... até que oiço uma piada sobre a minha avó e lhe digo que a minha avó não era para aqui chamada pois infelizmente já tinha morrido. Neste momento entro em directo e, sem grande vontade, pergunto como é regressar a Portugal com um público tanto gosta deles. Eles respondem que só gostam das miúdas, bla bla bla.... uma resposta sem conteúdo e cheia de graças. Avanço para a 2ª pergunta sem grande vontade de continuar com o clássico, "como vai ser o espectáculo?". E a resposta é: "vamos ter sexo ao vivo com animais, elefantes, anões e fogo e tal...". Eu acabo a entrevista e quem está em estúdio (creio o Nuno Calado) continua a emissão. Eles viram-se para mim e perguntam: "Então, vais ser despedido? (a rir)".... Enfim... Sem palavras.

Este festival foi rico em situações...estava a ver um dos concertos do palco secundário (salvo erro os Sloppy Joe) e ligaram-me para ir entrevistar o Rufus. Eu fui a correr, enfiei o pé num buraco e.... pimba... rotura de ligamentos cruzado no pé esquerdo. Viagem de ambulância para o Hospital de Viana do Castelo com direito a gesso e tudo. No dia seguinte regresso ao festival de muletas para seguir a emissão. Nesse dia Planet Hemp tocavam e a seguir Public Enemy. Ao longo das últimas semanas estive a trocar emails com o próprio Chuck D e nesse dia pedi-lhe se podiamos fazer a entrevista no estúdio da 3 no local pois estava de muletas. Ele foi ao local, esteve à conversa comigo durante largos minutos (e com o Pedro Costa em Lisboa) e ainda o apresentei aos meninos de Planet Hemp (nota: B Negão subiu ao palco com os Public Enemy nessa noite!). É uma das entrevistas que me ficou marcada na memória pelo lado relaxado, descontraído e simples com que o Chuck D se apresentou. Um senhor da música a falar com um puto mais preparado sobre hip hop e sobre o Mundo.

Em relação à melhor entrevista... sinceramente não consigo escolher... Posso dizer que adorei receber um abraço do Dave Grohl (Foo Fighters), sentar-me no chão com o Marcelo Camelo, conhecer os pais do Alex Kapranos (Franz Ferdinand), de falar de futebol com o Neil Hannon (Divine Comedy), de jogar à bola com os Muse ou de conhecer o Sam The Kid em Paredes de Coura. Demasiadas conversar para destacar aqui apenas uma.

06/02/2012

Uma Estratégia para a Antena 3

Introdução

Ao longo dos seus 18 anos de existência, é incontestável o contributo da Antena 3, na qualidade de canal
jovem de serviço público de radiodifusão, para o aparecimento e consolidação de uma nova geração de
criadores musicais portugueses e, simultaneamente, no apoio às mais diferentes áreas do talento e criatividade
nacionais. Este contributo confere à Antena 3 a credibilidade e prestígio reconhecidos pela
generalidade dos músicos e artistas portugueses, bem como, e acima de tudo, por parte dos ouvintes
da estação.
Este apoio à cultura e língua portuguesas não significou, no entanto, que a Antena 3 atribuísse menos
atenção à divulgação do que de melhor se foi produzindo no panorama internacional. Pelo contrário,
nunca deixou de acompanhar os fenómenos que marcam a cultura pop mais mainstream e apostou sempre,
como decorre do próprio contrato de concessão de serviço público, na difusão das novas tendências,
servindo públicos minoritários e específicos, quase sempre esquecidos pelas rádios nacionais privadas.
Essa é a vocação natural da Antena 3, reconhecida e defendida por todas as suas direções ao
longo dos anos.
Contudo, recentemente, com a apresentação em 2011 do controverso relatório sobre o serviço público
de rádio e televisão, elaborado pelo grupo de estudo presidido pelo Prof. João Duque, esta identidade e
património histórico da Antena 3 foram postos em causa pelo conjunto de recomendações defendidas,
que propõem para o serviço público a extinção de um dos canais generalistas, com a manutenção de um
canal dedicado à música e cultura eruditas (a Antena 2) e a criação de um canal predominantemente
consagrado à música e cultura portuguesas.

Dez temas para pensar a rádio jovem de serviço público.

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É com grande preocupação que os profissionais da Antena 3 assistem a estes ataques sucessivos ao
papel estruturante que o serviço púbico desempenha no meio rádio, nomeadamente quanto ao papel
essencial que a Antena 3 assegura, de uma forma abrangente e eclética, na divulgação de toda a música
nova de qualidade, seja ela nacional ou estrangeira.
Nesse sentido, é para nós urgente e indispensável tornar evidente na sociedade portuguesa a relevância
de um canal de rádio jovem no âmbito do serviço público de comunicação, fixando as características
fundamentais que desde o início orientaram a política editorial e os conteúdos oferecidos pela Antena
3, anteriormente referidos. Tal como acontece nos restantes países europeus e do mundo ocidental,
com quem seguramente nos queremos comparar, compete ao serviço público de rádio garantir a pluralidade
e diversidade das ofertas cultural e musical, nomeadamente na atenção dispensada a públicos
minoritários, sem os constrangimentos e limitações criativas que resultam da constante procura de
lucros e audiências por parte dos canais privados. É a Antena 3 que aposta e assume os riscos de divulgar
toda a música nova, das mais diferentes áreas, fornecendo a matéria-prima aos restantes canais nacionais
privados para que estes elaborem as suas playlists. Em certa medida, as rádios privadas constroem a
sua realidade recorrendo apenas a um presente que circula na espuma dos dias, por oposição ao serviço
público que trabalha para assegurar uma memória ao mesmo tempo que perspetiva um futuro.
Estamos seguros de que, ao contrário do que infelizmente temos vindo a assistir com a progressiva diminuição
das audiências da 3, a aposta numa rádio que assuma sem receios o seu papel de divulgador
por excelência do que de melhor se faz na cultura jovem, urbana e contemporânea, nacional e internacional,
iria posicionar a estação numa audiência entre os 3% e os 4%. Acima de tudo, restituiria à Antena
3 a credibilidade e a relevância entretanto enfraquecidas, que a transformaram no alvo fácil de todos
aqueles que pretendem desmantelar o serviço público de radiodifusão em Portugal.
Por tudo isto, sentimos que é nossa obrigação, como trabalhadores da Antena 3, contribuir para um
debate alargado em torno da influência fundamental de serviço público de rádio.
Aqui ficam, por isso, dez ideias-chave que, estamos seguros, ajudam a definir os princípios orientadores
de um canal jovem de serviço público de rádio.

Conceitos e Princípios

1 - Representar e divulgar a cultura e a língua do país ao mundo e o que se passa no mundo ao país. Portugal
deve estar culturalmente aberto ao resto do mundo e, numa perspetiva editorial, as ações relevantes
a empreender devem fazer parte da programação da rádio;

2 - A nova música portuguesa deve ser, predominantemente, o motor de divulgação do serviço público
prestado pela Antena 3, cumprindo uma quota de airplay de pelo menos 50%.
O caminho a seguir deve ser, portanto, continuar a trabalhar na divulgação de grupos e artistas portugueses,
os quais constituem a essência da música portuguesa que fundamenta a Antena 3. Exemplos
paradigmáticos desta ideia são os casos de sucesso do renascimento dos Xutos e Pontapés, e o trabalho
realizado com os Da Weasel, Deolinda e Noiserv;

3 - Num mercado nacional de radiodifusão muito formatado e segmentado, em que se tende a apresentar
ao ouvinte o que é consensual na cultura de massas ou então para um nicho particular, a Antena 3 deve
ser o veículo privilegiado da divulgação da música nova, independentemente da origem, género ou
estilo, abordando áreas diversas com legitimidade e credibilidade, não se limitando a seguir as tendências
do mercado;

4 - Além da música portuguesa, a Antena 3 deve apostar e incentivar o novo talento nacional. Um trabalho
que se deve alargar pelos mais variados setores culturais, do cinema à literatura, do teatro às
artes plásticas, dando voz a uma nova cultura urbana e contemporânea em que os seus protagonistas
encontram um espaço privilegiado;
5 - Reconhecer a diversidade de mais-valias que constituem os recursos humanos da Antena 3, sendo
a sua credibilidade, conhecimento e capacidade de trabalho elementos que devem ser aproveitados
e maximizados pela estrutura do grupo RTP. Os programas de divulgação musical devem assumir-se
como a locomotiva que assume o serviço público como missão, isentos das prerrogativas e exigências
do mercado.
Distinguimo-nos assim dos privados, da maximização das audiências, do depauperamento da comunicação
relevante no universo da rádio;

6 - O papel de informação na Antena 3, não negligenciando a atualidade das notícias, deve também dedicar
particular atenção a outras temáticas alternativas que saem do enquadramento e das exigências da
agenda mediática. Como exemplos a considerar, podemos referir a ciência, a tecnologia, a ecologia, o
mundo universitário, a investigação, o domínio das artes e a cidadania;

7 - Potenciar a presença da Antena 3 nas plataformas digitais, não só como reflexo dos conteúdos introduzidos
para a emissão em FM, mas também procurando responder às oportunidades criadas pelos
canais online, com produção específica, aproveitando a credibilidade e conhecimento dos recursos
humanos da estação. Nas plataformas digitais, a Antena 3 deve assumir uma linguagem inovadora e
diferenciada, como referencial de qualidade para todos aqueles que percorrem a imensa oferta musical
e cultural disponível na Internet;

8 - A Antena 3 é a rádio que apoia e divulga os principais eventos que apostam na divulgação artística de
qualidade, nacional e internacional, desde as áreas próximas do mainstream às correntes mais alternativas
que não encontram espaço nas restantes rádios nacionais privadas.
Neste sentido, a experiência e legitimidade acumuladas ao longo da sua história confirmam a importância
da Antena 3 como veículo excecional para a divulgação de eventos, promovendo a descentralização
cultural;

9 - A Antena 3 como laboratório de ideias de programação, estimulando novos projetos dos seus profissionais
e assumindo-se como catalisador na descoberta de talentos, procurando ser o espelho criativo
do tempo presente, sem descurar a memória como elemento crucial para compreender o presente e
desenhar as tendências futuras.
Neste âmbito, também o extraordinário arquivo sonoro criado pela Antena 3 deve ser potenciado na
promoção e divulgação das mais diversas formas da nossa cultura;

10 - Promover uma programação que vá ao encontro do seu público-alvo (20-45 anos), na multiplicidade
de propostas culturais e musicais, valorizando a educação e o conhecimento, acompanhando as novas
tendências da cultura urbana. Nesta proposta, e para que tenha relevância no seu target, o intervalo de
audiência deve situar-se entre os 3% e os 4% de AAV.

19/01/2012

Recordações do distante ano de 2011

Quando terminou o ano lembrei de fazer um top, inspirado pelas diversas listas que aparecem na imprensa escrita (mesmo antes de terminar o ano) e pelos media digitais. Pensei e decidi fazer algo mais próximos daquilo que eu gosto e da realidade com que me debato.

Por isso apresento aqui uma lista de canções que alguns convidados trouxeram desde o distante ano de 2011. São recordações. Não é um top. É aquilo que guardamos na memória. E neste caso partilhamos.

Stray (Monster Jixx)

Hudson Mohawke - "Thunder Bay"

The Weeknd - "Trust Issues" (Remix)


Kimya Dawson -" Walk Like Thunder"


Clams Casino - "Numb"


Mr. Muthafuckin eXquire ft. Despot, Das Racist, Danny Brown & EL-P - "Huzzah!"(Remix)


Mushug (Octa Push)

Africa Hitech - Out in The Streets
Gil Scott Heron & Jamie XX - I'll Take Care of U
Panda Bear - Last Night At The Jetty
Rustie - Hover Traps
Valete/Orelha Negra - Melhor rima de sempre
 

Sun Glitters

1. Burial - Stolen Dog
2. How To Dress Well – Suicide Dream 2 (Holy Other Remix)
3. Purity Ring – Belispeak
4. Clams Casino - All I Need [Soulja Boy]
5. Gold Panda – An Iceberg Hurled Northward Through Clouds
 

Sir Scratch

Tyler the Creator-Yonkers
Evidence-You
The Throne-Niggas in Paris 
Sergio Godinho-Acesso Bloqueado
Expensive Soul- O Amor é Magico 

19/09/2011

TV

Quem me conhece sabe o meu interesse por televisão. E nos últimos anos o facto de trabalhar na RTP e conhecer imensa gente ligada aos vários aspectos da produção de um programa deu-me cartas para pensar para além dos meus conhecimentos enquanto espectador.

Mas a verdade é que cada vez tenho menos paciência para programas de televisão. E desculpem que diga, se for nacional pior!

Adoro ver programas de comida (Bourdain, Bizarre Food, Hell Kitchen, MasterChef Australia) mas quando fazemos algo do género em Portugal ou eu não gosto do resultado ou dão em horários que eu não consigo ver e que me esqueço de gravar.

Para além deste género de programas, apenas gasto horas a ver desporto. Sobretudo futebol (liga inglesa, espanhola, italiana, alemã) e ainda baseball ou curling...

E descobri um canal intitulado Fuel TV que está muito ligado a desportos radicais que tem programas fantásticos.

Sou um espectador complicado e cada vez mais selectivo naquilo que gasto 30 ou 40 minutos por dia pois são minutos importantes para outras tarefas.