29/11/2004

Pilhas...

Nos últimos tempos tenho andado muito afastado deste pequeno canto à beira chip colocado com fios e hertz a passearem de um lado para o outro. Confesso que não tanto por falta de tempo mas sim porque ainda não tenho as coisas em casa organizadas.

Imaginem o que é pegar em caixas de cd's, roupa, computador e mudar-me para cerca de 60 kms da minha antiga residência... E referi estes objectos pois, de facto, ainda não levei tudo. Livros, revistas e afins ainda estão nos sacos em casa dos pais. A colecção de livros é de algum modo extensa para quem tem apenas 24 anos mas ganhei esse pequeno vício com a minha avó paterna que sendo professora de português no antigo Liceu Camões enchia a sua pequena casa no Rato com milhares de páginas escritas. Algumas delas autênticas reliquias, como uma obra de Fernando Pessoa com direito a dedicatória, ou um Atlas em tamanho XXXL com capa de tecido. Ainda ando a pensar como guardar tudo, e em condições para não se estragar, felizmente não tenho grandes problemas de espaço... para já... Mas a obra integral de Albert Camus, Fiodor Dostoievski ou Miguel Esteves Cardoso e alguns pontos soltos de escritores de Aldous Huxley, Fernando Pessoa ou Jean Paul Sartre não podem faltar em minha casa. Depois chegam as revistas e afins... Imaginem o que é guardar tudo o que está relacionado com música... tenho o Blitz, Sons, Y, DN:Música e afins publicações portuguesas dessa área dos últimos 7 ou 8 anos... e algumas publicações estrangeiras como a Q, Rolling Stone, Mojo, Uncut, NME, entre outroas... A minha velha varanda já não conseguia albergar tudo e a praga cresceu tanto que nesta altura (mesmo com espaço) não sei o que fazer... acho que vai tudo para o sotão pois o escritório não tem condições materiais para albergar tais artefactos.

Quanto aos cd's a coisa complica-se... As caixas no escritório já muitas estão abertas mas parece que não consigo encontrar nada. E devo dizer que tinha tudo dividido em várias categorias (nacionais, internacionais, brasileiros e bandas-sonoras) e duas sub-categorias (cd hardcase e cd softcase). Agora.... caos !!! E para mal dos meus pecados ainda não tenho a aparelhagem a funcionar... apenas uma pequena coluna ligada ao computador... e assim chegamos ao ponto fulcral...

O computador mesmo antes de mudar de casa apanhou um vírus marado que me deixava fazer tudo... menos aceder à internet... Depois começou a bloquear programa sim, programa talvez... e agora está quase pronto a ser formatado. Uma tarefa que parece nunca mais chegar quando se tem quando 150 álbuns guardados no disco duro e uns milhares de mp3's soltos... e algumas autênticas relíquias que não se podem perder.

Enfim... isto tudo para dizer que não tenho escrito pois a vida caseira não dá. Prometo para breve a solução dos problemas acima escritos e espero que vocês se mantenham desse lado.

Em breve notas finais para o ano 04.

19/11/2004

Há coisas boas de mais...

Eu prometi a mim mesmo que não voltaria a escrever no Ponte Sonora Blog enquanto outros trabalhos não estivessem concluídos. Aquela que será a minha última mensagem já está pronta há quase 1 ano e ainda não foi oportuno publicá-la, o que é necessariamente mau. Disse a mim mesmo que evitaria a todo o custo escrever outras mensagens antes daquela, antes da definitiva mas há coisas boas de mais para deixar guardadas só para mim.
Estava eu em mais um dia de aulas e recebo uma mensagem para ir ver um dueto de covers "dos 50 a 2004") a um bar da Foz no dia seguinte (a noite passada - 17 para 18 de Novembro). Cinco euros para ouvir covers poderia considerar-se algo elevado mas como a minha vida académica me tem impedido de ter uma vida "nocturna" muito activa lá fui. Em cena estiveram Miguel Guedes (vocalista dos Blind Zero e "artista da bola" aos domingos na Antena 1) e Rui Vilhena (o homem dos graves nos Vozes da Rádio e um guitarrista do melhor que há) com um alinhamento diverso: Chris Cornell, Bob Dylan, Bruce Springsteen, Radiohead, Tom Waits, entre muitos outros. O espaço pequeno do Twins levou à criação de uma proximidade que ultrapassou os limites físicos e permitiu que, entre canções, fossem contadas histórias e proporcionado momentos de diversão. Uma coisa que já há muito não via e que recomendo vivamente.
Por 7,50EUR (5 de entrada + 2,5 de uma bebida consumida) assisti a 2 horas de músicas que me acompanham desde sempre, músicas que não conhecia, músicas que não valorizava, músicas que fui conhecendo, acrescido de boa disposição (apesar de Miguel Guedes ter começado a noite por dizer "nós estamos aqui para vos deprimir") e de um convívio de amigos.
Se algum dia este dueto andar pelas vossas bandas, respondam à chamada porque vale a pena!

Fez-me (re)lembrar a falta que fazem as Rubber Sessions no Hard Club, onde outro Blind Zero (agora ex-) - Marco Nunes -, músicos dos Zen e outros convidados faziam também um espectáculo de covers mas mais na linha "funk".

É bom este regresso aos pequenos bares.

04/11/2004

Bem vs Mal

Nos últimos dias tem-se falado muito sobre a vitória de George W. Bush nas eleições norte-americanas (mas que poderiamos dizer mundiais pois todos seguimos atentamente). Confesso que gostava que este senhor não tivesse ganho mas a confiança em Kerry não era muita... Mas Bush ganhou.

Muitos foram os músicos que expressaram a sua opinião negativa contra este senhor, dizendo que se aproveitou do 9/11, que não tem cultura, que tem uma péssima política exterior, que é mau, etc...etc...

E este post resume-se a isto: "é mau...".

No mundo parece que todas as questões se resumem entre o bem e o mal. É bom ou mau. Gosto ou não gosto. Preto e branco. 0 e 1.

Recentemente vi um discurso do professor Carvalho sobre este tema que foi debatido pelos grandes pensadores europeus e ele dizia a certa altura que estamos a ensinar as nossas crianças que temos de lutar contra o mal. Vejam o exemplo do filme "O Senhor dos Anéis"... Frodo e companhia lutam contra as forças do mal... contra Sauron e Saruman.

Bush também luta contra Saddam e Bin Laden. Acredita ele que é o bem... e os outros o mal.

Mas não será isto tão redutor como o nosso gosto musical ???

Eu gosto bastante do Justin Timberlake mas tenho a certeza que muitos de vós não. Vou "lutar" contra vocês para mudarem de opinião ?

A verdade é que o mundo seria todo muito chato se todos gostassemos do Justin, nem eu quero isso mas... existem demasiados conflitos e até mesmo guerras por existirem demasiadas pessoas convencidas que detém o Bem...

Se tiverem oportunidade oiçam o tema "Bem vs Mal" dos Clã para acompanhar a leitura deste pequeno texto.

02/11/2004

Le Hives

Como não podia deixar de ser aquando da minha última visita a Paris tinha que estar relacionada com música.

The Hives foram os escolhidos para uma noite única no espaço do Elysee Montmartre que deva-se dizer estava completamente esgotado. Como previsto a banda entrou em palco a horas e com um aparato visual bastante simples mas cativante. Um lettering estilo dinner norte-americano a dizer apenas "The Hives" a vermelho e os 5 elementos vestidos a rigor. Um "tuxedo" preto e branco, muito trendy, diga-se de passagem (e o público também ajudou à festa do estilo).

A energia foi tremenda ao longo de uma hora e pouco de actuação com os Hives a debitarem cerca de 20 temas e uns litros de suor.

Esta seria a 2ª passagem do grupo sueco por aquela sala parisiense e até levou ao seguinte comentário de Pelle: " nós já cá tivemos... mas vocês não estavam...". Resta dizer que o novo álbum "Tyranosaurus Hives" demonstrou que é um dos álbuns do ano com tantos singles quantos possíveis.

Posso dizer que foi sem grandes dúvidas o 2º melhor concerto que vi este ano, logo seguido de Franz Ferdinand.

Le Dîner de Cons

"Le Dîner de Cons" ou "O Jantar de Idiotas".

O primeiro é um filme francês de 1998 de Francis Veber com as participações de Thierry Lhermitte, Jacques Villeret e Francis Huster, entre outros. O segundo é uma peça de teatro que está em cena no Villaret inspirado no primeiro, com as participações de Miguel Guilherme, João Lagarto, Jorge Mourato e António Feio (que também encena), entre outros.

A história é muito simples...

Todas as semanas um editor faz um jantar com mais alguns amigos em que cada um tem de levar o mais idiota que conhecem para o "Jantar de Idiotas". Mas neste último o senhor Brochant tem um problema de costas e vê-se impossibilitado de comparecer... mas (infelizmente) o "idiota" do senhor Pignont já estava em sua casa e não se cansa de lhe mostrar as suas maquetas em fósforos dos seus monumentos favoritos... Apartir daqui a vida de Brochant nunca mais será a mesma...

Eu vi primeiro o filme, em 2000, e agora vejo a peça encenada em palco. Confesso que prefiro o original mas é necessário perceber o francês e conhecer a vida deles para compreender o filme. A interpretação dos actores originais é também bastante superior aos portugueses mas não quer com isto dizer que sejam maus. Mas quando se tem um ponto de comparação tão alto é difícil.

Fica o convite para verem o filme e irem à peça de teatro.


Artes

Confesso que cada vez viajo para fora de Portugal visito diversos museus e casas culturais. E quando estou no nosso país a vontade não é muita...

A última vez que me lembro de entrar num museu foi no CCB para a inauguração de uma exposição de arte moderna da exposição Berardo, por isso façam as contas.

Recentemente voltei a visitar Paris (sempre!) e voltei a passear pelo Centro George Pompidou e pelo museu de arte moderna. Sinto-me bastante confortável e confesso que o facto de não se pagar para visitar certas áreas se torna muito aliciante. Esta última visita teve um propósito, comprar copos de cerâmica a imitar os copos de plástico de café amachucados... só visto...

Mas também vale a pena reflectir no estado e divulgação dos nossos museus... Em cidades europeias como Londres, Paris ou Madrid, quando andamos no Metro somos avisados das exposições que estão a acontecer e qual a estação onde se deve sair. No que se refere às condições dos edifícios, nem falo...

São tantas as questões levantadas que nem sei onde acabar...

John Peel (1939-2004)

Um dos homens mais enigmáticos e influentes da rádio mundial desapareceu. John Peel era o mais antigo animador da BBC Radio 1 e possivelmente o melhor. Durante cerca de 40 anos deu a conhecer (descobrir é uma palavra que nem se devia usar para os navegadores portugueses) diversas bandas como The Fall, The Undertones ou Sex Pistols, entre muitos outros.

Confesso que costumava ouvir semanalmente pelo menos uma emissão deste senhor e o gosto eclético do senhor Peel (de seu nome verdadeiro Ravenscroft) surpreendia qualquer um.

Como dizia alguém em Inglaterra, "pelo menos quando chegarmos ao Céu, vamos ter boa música".

Long live, John Peel !