O G1 ouviu com exclusividade uma prévia do disco, que está sendo produzido pelo músico Adriano Cintra no estúdio da gravadoraTrama, em São Paulo. Depois segue para Londres, onde será mixado pelo produtor Mark “Spike” Stent, que tem no currículo parcerias com o Radiohead, Madonna e Björk. “Este álbum tem a cara dos nossos shows e por isso é mais roqueiro”, explica Adriano, citando as faixas “Give up” e “Rat is dead” como as mais “rockers” do disco. Esta última, aliás, “é até meio grunge”, segundo ele. Das 14 canções – todas em inglês – três serão lançadas mais tarde, em forma de single. “O primeiro disco teve muitos remixes, enjoei... Então vamos lançar uma espécie de ‘lado B’, com novidades”, adianta a única voz masculina entre os seis integrantes do CSS. “E todas as músicas terão três minutos, porque cantar música comprida em show dá preguiça”.
Seis faixas do novo trabalho já estão com vocais, e as bases restantes aguardam a chegada da cantora Lovefoxxx, que agora vive em Londres. “A Ira [Trevisan, guitarrista] também está indo morar lá e eu aluguei um apartamento. A tendência é a banda toda se estabelecer em Londres, já que passaremos pelo menos uma semana todo mês fazendo shows na cidade”, revela. A chegada de “Donkey” – se for este mesmo o nome – ao Brasil em maio ainda não é certeza. Certo mesmo só o lançamento do disco no Reino Unido pela Warner, no Canadá e nos Estados Unidos pela Subpop, e no Japão, pelo selo KSR – que distribuiu 50 mil cópias do primeiro disco do CSS por lá.
A vocação roqueira é tão forte em “Donkey” quanto o humor peculiar da banda. Se Paris Hilton e Jennifer Lopez serviram de inspiração para composições debochadas no disco de estréia, dessa vez sobrou para as atrizes Claudia Ohana e Susan Sarandon. A brasileira é citada na faixa “Jagger yoga”, composição de Lovefoxxx, Ira Trevisan, Carol Parra, Ana Rezende e Luiza Sá. “Elas escreveram sobre programas de ginástica da TV e citaram a Claudia Ohana sei lá porquê”, explica, sem explicar, Adriano. Susan Sarandon aparece na letra de “Hit and run”, escrita por Lovefoxxx. “Tem a ver com o filme ‘Thelma & Louise’. Essas referências são típicas do nosso humor retardado, mas que fica engraçado”, avalia.
O nome do álbum, aliás, tem a ver com esse humor a que Adriano se refere. “Nós nos chamamos de ‘seu burro, seu burrinho, donkey’. Por isso pensamos no nome”, revela.
As piadas internas às vezes são corrosivas e viram música. Caso de “Move”. “A letra fala sobre baderna, incita quem está na pista de dança a jogar cerveja no cara do lado, bater em todo mundo. É um humor mais britânico”. O que também está mais britânico é o sotaque de Lovefoxxx. Principalmente na faixa “Belive&achieve”, escrita para o namorado Simon Taylor-Davis, o guitarrista da banda Klaxons.
“Essa música tem um refrão que pega fácil. Isso também acontece na faixa ‘Left behind’”, compara Adriano, citando a composição que escreveu inspirado em Helsinque, capital da Finlândia. “Adoro a cidade e fiz a música pensando nela. Vai ser legal chegar lá e contar essa história no meio do show. Compus já pensando nisso”. Outra cidade também serviu de inspiração para o músico. “Buenos Aires” (nome provisório), foi escrita no último réveillon passado na capital argentina.
Além da presença das guitarras, os teclados são marcantes em “Donkey”. A maioria deles foi emprestada da coleção de João Marcelo Bôscoli. O sócio da Trama vai ouvir seus instrumentos em ação em faixas como “How I became paranoid”, “I fly”, “You and yourself” e “Reggae all night”. Esta última Adriano diz ser sua canção preferida do disco “porque é fácil de tocar”.
O músico conta que grande parte das letras foi composta nos últimos dois anos em camarins, em viagens de ônibus pela Europa, em festinhas pós-shows, nos bastidores de programas de televisão e nos poucos intervalos de folga no Brasil. “Buenos Aires” e “Beautiful song” são as mais recentes. “Tem também ‘Dallas 141’. É uma música muito velha que escrevi, mas a Lovefoxxx quis gravar agora. Não me pergunte por quê”, diz Adriano, no que provavelmente seria mais uma piada do “humor retardado” e cosmopolita do CSS.
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