18/09/2003

Todos juntinhos é que é bonito

Sobre esta noite só me ocorrem as seguintes expressões: "Longa se torna a espera", "Quem espera sempre alcança" e "Sardinha em lata". As duas primeiras têm relação directa, a última é mais indirecta.
Devido a tarefas e projectos anteriores, já tinha ouvido falar numa tour pelas capitais de distrito por parte dos Blind Zero com fins assumidamente promocionais, o que é extremamente bom nos dias que correm. Actualmente as pessoas só compram CDs se tiverem "um bom motivo" e um bom concerto pode ser precisamente esse bom motivo que faltava. Mas inicialmente esta experiência das capitais de distrito estava prevista para o início do ano (Março, se a memória não me atraiçoa) e culminar na data de disponibilização dos discos ao público, depois foi "atirada" para pós-disco, depois início de férias escolares e, numa altura em que eu já não acreditava na realização, os Blind Zero jogam esta cartada. Fora de tempo, é certo, mas ainda bem a tempo de conseguirem ganhar o jogo e (re)abrirem o precedente de ir a todo o lado com um espectáculo. Como Miguel Guedes referiu durante a actuação "foi precisa muita persistência e boa-vontade" quer da parte deles, quer da cervejeira que patrocina a experiência.
O recinto é, de facto, acolhedor mas revelou-se ineficaz para este espectáculo. Um espectáculo pensado para 200 pessoas devia sempre prever mais umas 50 ou 100, aqui foi mais ao contrário... As 200 eram muito por-favor e algumas pessoas tiveram de se sujeitar a ver nas escadas que davam acesso ao recinto em posições não muito aconselháveis pelos médicos da especialidade. Não havia palco, o que facilmente se tornou um obstáculo para os operadores de televisão no local e para o público que entretanto teve de ficar mais atrás. Foram diversas as pessoas que se limitaram a ouvir o concerto. Como todos queriam tentar ver um bocadinho que fosse de Miguéis e companhia, gerou-se o efeito "sardinha em lata", ali todos bem apertadinhos e que o simples acto de retirar o "bloco de notas" do bolso implicava ter de pedir desculpa a pelo menos duas pessoas.
O segundo problema da noite registou-se pouco tempo depois do concerto ter começado, no 1º tema com projecções. As projecções eram feitas para o baixo tecto por cima do palco inexistente e com uma parte ainda significativa na parede (criando um efeito estranho sobretudo no vértice). Já falei aqui do impacto que estas têm nos concertos e foi uma pena não se terem criado condições para uma projecção numa tela vertical.
Quem já viu concertos de Blind Zero apercebe-se que os concertos são uma cadeia de temas de todos os seus discos e nunca apenas para promover o último. Estes concertos são uma quebra total nessa linha de pensamento e, inicialmente, estranha-se mas depois acaba por funcionar extremamente bem porque há a possibilidade de ouvir temas que nunca foram apresentados ao vivo e que noutras circunstâncias não seriam tocados, como o caso de "Return to sender". Quando já se entra no conceito do espectáculo acaba por se estranhar o oposto, a entrada de "Another One" (o único tema de outro disco apresentado neste concerto) na abertura do encore.
As questões técnicas não ficam isentas de anotações: a estratégia de aumento gradual de volume (muito utilizada) acabou por atingir valores um pouco elevados e um problema técnico que não chegou a ser detectado atempadamente pelos técnicos de serviço com a caixa made-by-Blind-Zero que também já descrevi aqui impediram que o espectáculo fosse ainda melhor. "You in your arms" perdeu assim um dos seus momentos mais interessantes. Nas condições em que os técnicos estavam a trabalhar, era praticamente impossível fazer melhor.

No final eram poucas as pessoas que não tinham na mão um postal (ver imagem em baixo) para a banda autografar. Depois de todos os autógrafos, veio o convívio. Encerrou-se assim a primeira de 19 noites (18 capitais de distrito mais auditório da RDP).

Pelo balanço da primeira noite, valeu a pena esperar por esta Tour de Force! Que outras bandas e marcas de cerveja sigam o exemplo!

Postal BZ

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