Hoje foi um dia de discos novos. O primeiro que coloquei no leitor de CD veio da Escócia, de um amigo pessoal. Sob título "Badly withdrawn boy", J.P.Keenan apresenta 11 temas, 5 dos quais originais. A gravação foi feita em casa e em alguns casos a forte compressão digital quase que estraga as canções. Keenan é um irlandês com influências do som tradicional do seu país, da country e de John Lennon e confesso que não esperava algo tão bem feito tendo em conta a forma como foi gravado e o que conhecia há dois anos atrás dele. O primeiro original é um instrumental chamado "The Ballad of Helena", depois segue-se a boa disposição com "I am the cactus", "The short song" (uma música que na versão original tinha cerca de 10 segundos, agora transformados em 47), "My big ole baby" e o leque de originais completa-se com "Lesbians". Nas versões, inteligentemente intercaladas com os originais, podem-se ouvir temas como "A Boy Named Sue", do falecido Johnny Cash; "The Only Gay Eskimo" (Weird Al Yankovic); "The Man Who Sold The World" (David Bowie); "Life's Gonna Suck When You Grow Up" (Denis Leary); "I Wanna Grow Old With You" (Adam Sandler) e "Blackbird" (The Beatles), esta última numa versão em que apenas estão representados alguns acordes e uma conversa pelo meio. Agradou-me imenso este disco!
O segundo disco recebido já aguardava levantamento desde os primeiros dias deste mês, trata-se de "The Club", dos "Loto". Penso que é complicado ouvir este disco sem fazer comparações, apesar de já ter afirmado aqui que acho uma sonoridade interessante para ser ouvida sobretudo "fora de casa". Mal comecei a ouvir, vieram-me trazer um disco de New Order e disseram-me para parar a audição deste disco gentilmente cedido pela Universal Music e ouvir um pouco do disco dos New Order. É um facto que sempre que ouvia na rádio o single "Back to discos", sentia que conhecia aquela sonoridade mas não sabia bem de onde. Hoje ficou esclarecida. Eu não condeno bandas que têm estilos semelhantes a outras, desde que o façam com gosto e convicção. No disco dos Loto, em cada uma das músicas é possível identificar um ou outro som conhecido de outra música mas as canções no seu todo soam bem, estão bem trabalhadas, e sei que fazem aquele trabalho com gosto, com convicção e com vontade de fazer coisas novas. É uma banda a seguir com MUITA atenção.
Entretanto ouvi pela primeira vez o Manifesto em CD, contudo não o CD que me foi dirigido em primeira mão e que continuo a aguardar que a CTT - Correios de Portugal, S.A. se digne contactar a editora no sentido de possibilitar o re-envio gratuito do disco visto que este foi devolvido por incompetência de funcionários da empresa. Os EZ Special não fogem ao seu estilo e apresentam dois temas bastante curiosos e aplica-se aqui tudo aquilo que escrevi sobre os Loto: as influências são claras mas a qualidade está lá e a evolução daqui para a frente tratará de ditar o resto. Não sei porquê, o tema "In n'Out" tem algo que me leva a associá-lo a publicidade futebolística. Se calhar o operador de telecomunicações que usa a música dos EZ Special como slogan promocional, que é patrocionador oficial do Euro 2004, poderia substituir o já excessivamente rodado "Daisy" por este novo tema. Os Mão Morta levantaram o véu do álbum "Nus" neste Manifesto com a inclusão do tema Estilo e um retrocesso aos Mutantes S21 representado pelo tema "Berlim (morreu a nove)", numa versão ao vivo. É interessante ver uma banda tão respeitável e com tanta história como os Mão Morta a entrar num projecto como este. Os Anger também dão voz ao Manifesto, sendo a vertente mais pesada do disco. Confesso que este rock pesado não me agrada muito mas há-de haver qualquer coisa que faça com que tantas bandas deste género apareçam e desapareçam de uma forma fugaz e estes se mantenham firmes ao longo de vários anos e com um público muito fiel. O Manifesto termina com uma banda de hip-hop (Mentes Conscientes), cuja primeira faixa me trouxe à memória a compilação da Matarroa que mencionei como um dos discos de 2003, infelizmente por já ter ouvido algo quase-chapado neste disco. Como não estava com muita paciência para mais "déjà vus", resolvi avançar para a faixa seguinte ("Manter a chama acessa") e foi uma desilusão... O tema que fecha o Manifesto vai buscar exactamente o mesmo sample que os Mind Da Gap usaram em 1997 em "Oficiais MCs", do disco "Sem Cerimónias". Não creio que os Mentes Conscientes não tivessem conhecimento do tema dos Mind Da Gap.
Para acabar o dia, "Nus"... É Mão Morta, não há reinvenções de nada, e o formato tradicional continua a funcionar extremamente bem. Quando no primeiro tema ("Gumes") me aparece a indicação que teria 25 minutos de música, quase que tinha a tentação de avançar em fast-forward. Ainda bem que não o fiz. O tema ouve-se sem sacrifícios e conta com um leque de convidados que dão um colorido interessante a este tema. Depois seguiu-se um tema que já tinha ouvido na RDP Antena 3 e na playlist que agora passa nas frequências da extinta VOXX: Gnoma. Miguel Guedes (vocalista dos Blind Zero) revela-se particularmente bom a cantar português e enquadra-se perfeitamente no ambiente melódico dos Mão Morta e desta música em particular. Eu não vou referir os temas um-a-um porque corro o risco de ficar sem adjectivos para definir este disco. Recomendo que, quem não o comprou hoje com o Blitz, o faça na próxima semana novamente com o Blitz.
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