27/08/2003

Sudoeste: o secundário que podia ser principal

Nesta edição do festival Sudoeste a música portuguesa passou essencialmente pelo palco Galp Energia, rotulado por muitos de palco secundário. De secundário este palco não teve nada, sobretudo na tarde dedicada ao hip-hop mas comecemos pelo início.

No primeiro dia (8 de Agosto) foi o rock e o pop/rock que dominou a tarde. Apesar da qualidade reconhecida das bandas, o público ainda não era muito e o que ia chegando preferia vaguear pelo recinto ou sentar-se na tenda do palco Galp Energia. Nem a potência e já alguma popularidade dos Renderfly conseguiu levantar as pessoas sentadas no recinto. A actuação dos Renderfly começou com um sample seguido de acompanhamento por parte de toda a banda e seguiu uma linha rock e pop/rock. O vocalista tentou manter algum contacto com o público mas acabou por confessar que tinha alguma dificuldade em falar português mas que está a aprender o idioma. A actuação encerrou com o já conhecido "Falling Star" mas, estranhamente, o vocalista referiu tratar-se de uma versão diferente da que passa na RDP Antena 3 quando, na prática, foi a versão eléctrica que já há muito passa na referida rádio.

Depois dos Renderfly subiram ao palco os Grace, que também estiveram em Vilar de Mouros, e que contam com uma formação conhecida de outras andanças: Paulo Praça (Turbo Junkie), Miguel (Zen) e Elísio Donas (ex-Ornatos Violeta e colaborador pontual na formação dos Blind Zero) são os rostos que saltam logo à vista. A sonoridade tem influências britânicas, do rock britânico, que foi cativando as pessoas que estavam a chegar ao recinto. Uma curiosidade desta actuação foi a versão de "Beautiful" da Christina Aguilera.

Os Loto encerraram o primeiro dia deste palco mas a nossa equipa aproveitou para se ir alimentar visto que o palco principal contava com Toranja e Blind Zero.

Os Toranja mantiveram um tipo de concerto muito semelhante ao que fizeram no palco secundário de Vilar de Mouros. Se em Vilar de Mouros a audiência preferiu estar sentada na relva, apesar de ter sido visível aqui e ali uma ou outra pessoa a cantarolar alguns dos temas, no Sudoeste estava um ambiente mais composto, em pé e que em alguns casos formavam um coro bem interessante. A actuação fica manchada da mesma forma que diversas outras desta banda, os Toranja ainda não conseguiram acertar com os técnicos e roadies, registando-se assim diversas falhas sonoras que poderiam ser evitadas com um pouco mais de rigor por parte do corpo técnico. É um problema que transcende a banda mas que prejudica a prestação e a imagem da banda. Ficou a curiosidade de ver a prestação em salas mais pequenas e, se possível, com uma equipa técnica com a lição mais bem estudada.

Os Blind Zero, por si só, já tinham no recinto uma massa de fãs para os ver. Numa altura em que a banda prepara uma tournée pelas capitais de distrito, neste caso foram pessoas de todos os distritos a deslocarem-se à pacata vila da Zambujeira do Mar com grande curiosidade para ver os Blind Zero em palco. Desta vez não houve projecções mas era visível que uma boa parte do público conhecia as músicas. A grande surpresa foi quando Miguel Guedes chamou ao palco Jorge Palma para acompanhar o sexteto portuense em "The Downset is Tonight", tal como acontece em "A Way to Bleed Your Lover". Se até aqui já as coisas tinham sido mais ou menos previstas pela revista do festival, o que ninguém previa era uma actuação de Jorge Palma acompanhado pelos Blind Zero; foi o que aconteceu quando Jorge Palma introduz o tema "Bairro do Amor" numa versão que Palma prometeu "usá-la com a banda" que o acompanha habitualmente. O bairro temporário da Zambujeira do Mar (que é um autêntico "bairro do amor", tal como os restantes festivais "rurais" de verão) ficou surpreso e agradado com a versão rock do tema. Devido à estrutura do festival, os Blind Zero deixaram uma parte significativa do seu alinhamento para a tournée que está para vir.

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