28/08/2003

Tarde de hip-hop, noite de David Fonseca

Se há algo que nunca tinha visto num palco secundário foi o que vi na tarde de dia 9. O recinto estava cheio, toda a gente em pé e muito movimento de corpo. Também não era para menos, o hip-hop já há muito que não é apenas um som de minorias. Já há muito que o hip-hop saiu dos bairros e invadiu toda a sociedade, goste-se ou não do género.

Primeiro os Reacções Verbais, que eram uma novidade para a maioria dos presentes, terminaram a actuação relativamente cedo e muitos dos acampados perderam a sua actuação (como foi o nosso caso). Chegámos pouco depois das 17h40m e já o terreno estava a ser preparado para os Dealema. Os Dealema já não são uma novidade nestas andanças, já têm muitos anos de palcos pelo Porto e arredores, muitas participações com os Mind da Gap. Não foi nada difícil para os 4 MCs. Mesmo sem DJ em palco (uma groove box controlada por um MC tinha todas as batidas pré-definidas, não permitindo muitas divagações por parte dos MCs) conseguiram impressionar os presentes. Houve tempo para críticas: "Tentam pôr a culpa na sociedade" [...] "Nós somos responsáveis pela nossa vida. Vamos mudar as escolas, pintá-las, que parecem prisões do séculos XIX. Temos de continuar a manter o sonho vivo." Numa clara alusão à passividade com que uma boa parte das pessoas vive actualmente. Já perto do final da actuação Fuse, Guse, Xpião e Mundo pediram aos presentes para se manifestarem e a resposta a "façam barulho" foi, no mínimo, ensurdecedora. Foi o primeiro grande sinal de que o hip-hop está bem de saúde e apto para ocupar os palcos principais dos festivais.

O nome que se seguiu, Boss AC, teve a capacidade de manter a animação dos que já lá se encontravam e levar os que entretanto chegaram a entrar no espírito. O single "Baza, baza", com que encerrou a actuação, foi praticamente cantado na totalidade pelas pessoas que trocaram a praia pela tarde de hip-hop e a própria batida era praticamente inaudível fora da tenda. Uma tarde em grande para o hip-hop nacional.

A noite foi diminuta em termos de nomes nacionais, David Fonseca continuou a apresentar o seu "Sing me something new" com um espectáculo ligeiramente adaptado para o estilo festivaleiro. "Someone I cannot love" ouvia-se na zona mais distante do acampamento, não muito pelo som do palco mas sim pelo coro enormíssimo que já se tem tornado habitual nos concertos do ex-Silence 4.

Sem comentários: