As Ritual Rock já tiveram noites melhores, quer em termos de clima, quer em termos de afluência, quer em termos de programa.
Se há coisa que os portuenses não são é pontuais mas já há uns anos para cá que a Xinfrim faz questão de cumprir quase à risca o anunciado. Pouco depois das 21h30m já os Fingertrips estavam no palco a animar o (pouco) pessoal. É uma pena porque a banda tem qualidade, boa disposição e uma sonoridade agradável. Do visual, dois elementos a salientar: a já habitual imagem do vocalista ao estilo "Blues Brothers" e o teclista que parecia um operador de perfuradoras (daqueles que andam por aí a escavacar a cidade toda). A banda subiu do extinto palco secundário para o principal com toda a justiça, para além da boa disposição são muito bons músicos.
No final da actuação fui até ao extinto palco secundário. O espaço foi transformado em lugar de projecções vídeo a cargo do canal ibérico Sol Música. Invariavelmente os vídeos eram produção caseira e passavam por todos os estilos de forma completamente aleatória, sem o mínimo de set-list elaborada (um pouco à imagem do próprio canal da Multicanal TPS).
Os Grace fizeram uma actuação com um alinhamento em tudo semelhante ao de Vilar de Mouros e ao do Sudoeste, a diferença é que aqui o palco era principal, eram cerca de 22h30m, o público estava de pé e era mesmo para os ver. Paulo Praça, que se apresentou de preto e com uma gravata branca, parecia um pouco mais bem-disposto pelo facto de ter à sua frente um público mais receptivo à sua sonoridade. Quem quiser mais detalhes sobre a prestação da banda veja o artigo do Sudoeste e acrescente que o som era indiscutivelmente melhor. "To all the stars" foi dedicado a uma estrela em particular - John Cage - falecida em 1992. (mais sobre John Cage em http://w3.rz-berlin.mpg.de/cmp/cage.html)
Injustamente, os Belle Chase Hotel não foram a banda a encerrar a primeira noite do ritual. A banda que serviu de mote ao título deste artigo actuou na segunda posição (tendo em conta que se vê de baixo para cima) com um espectáculo baseado no que prepararam para o "Coimbra - Capital Nacional da Cultura". Um tema introdutório instrumental com o som da guitarra portuguesa a salientar-se deixou logo a entender que não iria ser um concerto qualquer. JP Simões entrou em palco, atira o livro que trazia para o chão e reclama pela falta de cerveja. Pouco tempo depois regressou, já com cerveja garantida. E foi mesmo o vocalista que foi o centro das atenções: entre as músicas declamava umas frases às quais fazia questão de acrescentar comentários pessoais. Um misto de humor, literatura, música, cultura e sabedoria popular - uma mosca, uma pomba, uma mamã... Um espectáculo, acrescento eu. A confissão de estar "um bocado bêbado" acabou por se confundir no meio de tamanha encenação. Da menina que quer que esqueçamos tudo o que ela disse (Raquel Ralha, voz do tema "Esquece tudo o que te disse", entenda-se) fica a versão de "Telephone call from Istanbul", um original de Tom Waits.
Depois de três brilhantes actuações, os EZ Special acabaram por "cair mal" junto do público mais selectivo e "histórico" nestas andanças. Contrariamente a outros festivais, este é um festival adulto, para um público construtivo, não é propriamente o local da fãzinha histérica na primeira fila a alimentar o seu amor platónico por Ricardo Azevedo. Os EZ Special não souberam lidar com isso e chegaram ao ponto de pedir ao público uma falsa resposta "levantem os isqueiros, quero ver os isqueiros no ar. Quem não tem isqueiro põe os braços no ar, assim [e exemplificando o movimento]". Claro que o público, na sua maioria, ignorou o apelo e chegaram-se mesmo a ouvir comentários menos simpáticos dirigidos à banda. Nota-se que a banda tem feito o trabalho de casa, têm ensaiado e os resultados ao vivo fazem-se sentir no que toca ao rigor musical mas não foi o suficiente para despertar interesse. Daisy foi o único tema que conseguiu mexer com mais algumas pessoas, mesmo assim não chegou a "afectar" metade do recinto. Quanto à prestação em palco, não vou estar para aqui com divagações sobre se Ricardo Azevedo e amigos se mexem demasiado em palco ou não, eles (ou alguém por eles) lá sabem a postura a ter em palco, mas não posso deixar de referir um elemento estético que se revelou interessante em palco: 3 ecrãs distribuídos pelo palco com o logotipo e cores da banda. Apesar da má qualidade da imagem (que se notava mesmo à distância) dá um toque interessante.
O 12º Ritual é retomado dentro de algumas horas para mais quatro bandas, três das quais passaram pelo Festival Sudoeste este ano e a banda de abertura foi reportada aqui como uma das melhores bandas do portuguesas na Zambujeira do Mar - os Dealema -; vamos ver se conseguem manter a fasquia no nível elevado em que eles próprios colocaram.
(Nem imaginam os problemas que tive para conseguir colocar este artigo on-line. O serviço ADSL da ONI é do piorio... Por preços parecidos têm propostas bem mais estáveis e com melhores condições.Nunca confiem num ISP cujos servidores sejam autênticas "janelas" abertas para os vírus e ataques piratas. Nada como um "diabinho" para fazer a vida negra aos vírus e aos atacantes ou ter servidores das terras frias dos pinguins, onde vírus e atacantes nem se atrevem a entrar.)
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